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Estudo fez retrato à criação de empresas

Na última década (2012-2022) foram criadas 419 mil empresas em Portugal, um crescimento de 17% face à década anterior, evoluindo das 29 mil empresas criadas em 2012 para mais de 46 mil no ano passado. Na Área Metropolitana de Lisboa nasceram 155.886 empresas entre 2012 e 2022, enquanto no Norte foram criadas 137.308 empresas, de acordo com a Informa D&B.

Até 2016, a constituição de novas empresas era liderada pela região Norte. No entanto, a partir desse ano foi a Área Metropolitana de Lisboa que passou a ser, em todos os anos, a região com maior número de empresas constituídas.

“A criação de novas empresas é um dos reflexos da vitalidade de cada período da história económica do país. Com este estudo do empreendedorismo na última década, quisemos perceber de que modo as novas empresas estão a enriquecer este processo, quer nas dinâmicas setoriais, quer na capacidade de crescer a nível de negócio e de criação de emprego”, destaca Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, citada em comunicado.

Mais de dois terços (69%) do aumento das novas empresas na última década pertence a quatro setores de atividade: transportes, atividades imobiliárias, tecnologias de informação e comunicação e construção.

O setor dos transportes regista o maior crescimento, com uma taxa anual de crescimento de 16,5%, um crescimento que reside de forma esmagadora na atividade do transporte individual de passageiros em veículo ligeiro (TVDE).

As atividades da compra e venda, nas atividades imobiliárias, e da construção e promoção de edifícios, na construção, são aquelas com maior crescimento nos dois setores. O aumento das novas empresas nestes setores está relacionado com a pressão turística e tem como consequência a liderança da Área Metropolitana de Lisboa na liderança do empreendedorismo.

As tecnologias de informação e comunicação registam uma taxa anual de crescimento de 8% desde 2012. Neste setor, a atividade de informática é responsável por 95% do crescimento.

Face à década anterior, é o setor do retalho que tem a maior queda na criação de novas empresas, com um recuo de 1,6%. Outros setores tradicionais acompanham esta queda, como a agricultura e a indústria.

 

Empresas mais pequenas, mas mais exportadoras

Ao longo da década, as novas empresas têm vindo a reduzir a dimensão, já que, em 2022, quase metade delas têm um capital social inferior a mil euros, uma percentagem que era de 33% em 2012. Também o número de empregados e faturação registou uma diminuição ao longo da década, ambos os indicadores com um recuo de 20%.

Apesar da dimensão, número de empregados e faturação ser mais reduzidas, as novas empresas são mais exportadoras. Em 2021, 10,3% das empresas exportaram logo no primeiro ano de atividade, percentagem que situava nos 9,5% em 2012. As exportações representam uma parte cada vez maior no negócio destas empresas, passando de 50% em 2012 para os 63% em 2021.

As empresas de tecnologias de informação e comunicação assumem aqui uma posição de relevo, com a taxa de exportadoras a ascender a quase um terço do total, logo no primeiro ano de vida. O aumento expressivo da criação de empresas de cariz tecnológico, que mais do que duplica entre 2012 e 2022, é um dos fenómenos que contribui para a taxa de exportadoras entre as novas empresas, que está ao nível da média do tecido empresarial. Mantêm, além disso, um papel muito significativo em áreas como o emprego pois, na última década, as empresas até aos cinco anos de idade foram responsáveis por 15% do emprego.

As novas empresas têm um crescimento bastante rápido nos primeiros anos de vida. Ao fim de cinco anos, o volume de negócios é cinco vezes superior ao que registaram no ano de arranque e o número de empregados duplica. Mais de metade das novas empresas na última década sobreviveram aos primeiros cinco anos de atividade, com 51% do total a conseguir atingir a idade adulta.

Ademar Dias

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